O Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo realizou na quinta, 28 de dezembro, uma solenidade para recepção do acervo do arquiteto Miguel Alves Pereira (1932-2014), doado pelo filho, também arquiteto Tagore Leite Alves Pereira.
A solenidade, que aconteceu na sede do conselho na capital paulista, contou com a presença das presidentes do CAU/BR, Nadia Somekh, do CAU/SP, Catherine Otondo, e do IABsp, Raquel Schenkman.
Além de Tagore, compareceram a companheira do homenageado, a arquiteta Cibele Rumel, a conselheira do CAU/SP, Denise Antonucci, representando a Comissão do Centro de Memória e Acervo do CAU/SP, o conselheiro federal do CAU/BR (2021-2023), Valter Caldana e a conselheira do CAU/SP (2021-2023) e futura conselheira federal do CAU/BR, Rossella Rossetto.
Tagore destacou a dedicação e paixão do pai pelo exercício da profissão. “Para organizar o acervo, nós conseguimos mobilizar amigos do meu pai (…). Se vocês olharem nas páginas dos livros também tem o nome da Cibele Rumel, a quem quero agradecer. Quase 50% do acervo tem lá os nomes Miguel e Cibele. A biblioteca também é dela”.
Miguel Pereira lutou pelos ideais da profissão sendo membro atuante e reconhecido em diversas entidades ligadas à arquitetura. O arquiteto foi um dos mais atuantes defensores da criação do CAU. Nascido na cidade de Alegrete, no Rio Grande do Sul, em 1932, se formou pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do mesmo estado e faleceu em maio de 2014, aos 82 anos de idade.
Nadia Somekh comentou o papel do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil para a criação da Rede de Acervos. “Estamos construindo desde 2021 a Rede de Acervos, que teve o apoio muito importante do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), do Ministério da Cultura e do Arquivo Nacional. Se a nossa missão é valorizar a arquitetura, esse é um jeito da gente valorizar”.
Catherine Otondo sugeriu que o nome da companheira de Miguel também seja dado ao acervo. “Esse é um acervo que queremos muito tornar público. Também sugiro aqui que seja dado o nome de Acervo do Miguel e da Cibele. Quero agradecer o empenho de vocês e a confiança. Tenham certeza que vamos cuidar muito bem dele aqui”.
No decorrer de sua trajetória profissional, Miguel Pereira exerceu três mandatos como presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) nacional, foi presidente do IAB do Rio Grande do Sul, vice-presidente da União Internacional de Arquitetos (UIA) e conselheiro federal do CAU/BR, representando o estado de São Paulo. Foi também político, professor, pesquisador e autor de livros. Entre seus muitos projetos de relevância, alguns dos principais são as Bibliotecas Centrais da Bahia e da Universidade de Brasília (UnB).
Doação do Acervo
Na solenidade, Valter Caldana relembrou momentos com o arquiteto, falecido em 2018, e definiu como imprescindível tornar público o acervo que conta parte da história da arquitetura no país. “É mais do que o acervo do Miguel, é a trajetória do IAB até a existência do CAU. (…) Não é só patrimônio físico, mas também ético, moral e comportamental do Brasil”.
O processo para doação de coleções e acervos é complexo e envolve muitas entidades, como destacou a presidente do IABsp, Raquel Schenkman. “Me alegra ver essa fase desse processo, que pude acompanhar um pouco. Sabemos que a questão da memória e do acervo é fundamental para valorizar a arquitetura”.
Rossella Rossetto destacou a missão de continuidade para a valorização da arquitetura pela implementação da Rede de Acervos. “Deixo o CAU/SP para representar São Paulo no CAU Brasil, neste momento percebo que serei o elo de continuidade de alguns projetos (…). Saio daqui hoje com a missão de continuar essa trajetória. ”